Em minha viagem aos Andes pesquisei o uso uso do Chá da Coca para conter os efeitos do Soroche. Depois aconteceu uma palestra sobre prevenção ao uso indevido de drogas ministrada por agentes da polícia federal no Colégio Fernandes Vidal. Assim achei interessante falar também sobre o uso medicinal da Maconha. Existe uma polêmica sobre a liberação e a autorização de importação para o uso de pessoas com fins medicinais.
Foto do artigo "La droga Ilegal que más se consome en Europa y en el mundo es el cannabis"
Primeiramente é importante esclarecer que a planta tem vários princípios ativos, ou seja, várias substâncias e que o uso medicinal não se aplica a todas elas e mesmo as substâncias medicinais também tem efeitos colaterais.
A rede americana CNN contou ao mundo a história de Charlotte Figi, portadora de Síndrome de Dravet (que é uma forma rara e grave de epilepsia). Ela quanto tinha cinco anos, sofria trezentas convulsões graves por semana. Já havia perdido a capacidade de andar, falar e comer. Segundo a reportagem, a menina começou o tratamento com o extrato de um tipo de cannabis rico em canabidiol, aos seis anos. Com o tratamento Charlote voltou a andar e a falar, e suas convulsões foram reduzidas para duas a três vezes por mês.
Outras histórias foram se tornando conhecidas e as famílias passaram a entrar na Justiça para conseguir o direito de importar o extrato de canabidiol.
Em 2015, a Anvisa liberou o uso do Canabidiol. A substância então deixou de ser proibida no país e passou a integrar a lista de medicamentos aprovados para uso terapêutico, mas sujeito a controle. Neste mesmo ano, um Juiz do Distrito Federal liberou a utilização deste medicamento, o THC (tetrahidrocannabinol). Em sua decisão destacou que não liberou o uso da droga, mas da substância, do THC para uso medicinal e científico, ressaltando que se trata de uma questão de saúde, que não se pode esperar, pois a demora pode levar riscos aos pacientes.
Atualmente, a Anvisa autorizou o uso de medicamentos que contenham além do canabidiol, também o THC. Segundo a Anvisa, o maior problema é que essas substâncias não são registradas como medicamentos em seus países de origem. Por isso, não têm sua segurança e eficácia avaliadas e comprovadas. De acordo com a Anvisa, os produtos à base de canabidiol e THC podem causar reações adversas inesperadas. Como sua eficácia não foi avaliada e comprovada, não é possível garantir a dosagem adequada nem prever os possíveis efeitos colaterais, o que pode causar riscos imprevisíveis para a saúde dos pacientes.
De qualquer forma, é importante ressaltar que estamos muito atrasados cientificamente no uso de substâncias da cannabis para uso medicinal. Nos Estados Unidos, 19 estados permitem o seu uso medicinal no tratamento de câncer e esclerose múltipla. No Brasil ainda não há quem fabrique o medicamento à base de maconha, o que dificulta os pacientes que precisam de autorização para importação. Já tem uma indústria farmacêutica com interesse em sua produção. Com um medicamento produzido e testado no Brasil os usuários teriam aceso mais fácil a um medicamento mais barato e mais seguro.
Fontes:
http://edition.cnn.com/2013/08/07/health/charlotte-child-medical-marijuana/
http://veja.abril.com.br/saude/anvisa-libera-o-uso-do-canabidiol/
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/11/justica-libera-o-uso-do-thc-principio-ativo-da-maconha-para-uso-medicinal.html
http://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/drogas/marco-legal.html
http://www.gazetadopovo.com.br/saude/o-uso-da-maconha-para-tratar-doencas-2ff7fpwkaie6s7ddz8zpmqkb2
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2016/06/1786355-empresa-quer-fazer-primeiro-remedio-brasileiro-a-base-de-maconha.shtml